06/03/2024
No ano de 2024, o sacerdote polonês Zdzislaw Malczewski, que adotou o nome Dislau para facilitar a pronúncia pelos brasileiros, completa 45 anos do seu desembarque no Brasil. Depois de passar por várias cidades gaúchas e de outros Estados, desembarcou em Porto Alegre há oito anos para cuidar da capela dos poloneses Nossa Senhora do Monte Claro, no bairro São Geraldo, zona norte da capital. A profunda relação com o Brasil não o fez esquecer de sua terra natal, com a qual mantém fortes laços, tanto acompanhando pela imprensa polonesa como marcando presença em eventos diplomáticos e acadêmicos. Uma de suas maiores preocupações envolvendo a Polônia é a tensão com o conflito entre Rússia e Ucrânia, que completou dois anos no final de fevereiro. Polônia e Ucrânia tem uma extensa fronteira.
“Estive duas vezes na Polônia em 2023, uma delas no encontro dos poloneses de todo o mundo que residem fora do país. Os ucranianos começaram a fugir por causa da guerra. Foram mais de 8 milhões desde 2022, sendo que 2 milhões foram acolhidos na Polônia. O governo deu a eles todos os direitos para uma vida digna. Além disso, o governo polonês ajudou e ajuda a Ucrânia com material bélico. Por isso, os russos já têm afirmado a intenção de invadir a Polônia em razão do apoio à Ucrânia. Já são dois anos de conflito. Se a Ucrânia foi vencida pela Rússia, então, aí de nós. Temo pela Polônia e pelos países bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia). A Rússia vai invadir e ir para a frente. Na Rússia ainda existe uma mentalidade de império, ainda resultado do tempo da União Soviética”, alerta Pe. Zdzislaw.
O padre polonês destaca o amor pela sua pátria. “Temos um amor para com a pátria, nós sofremos muitas invasões nos últimos 300 anos por parte da Rússia, antes ainda dos otomanos, suecos e alemães. Então, nós amamos a pátria e queremos seguir como um país independente”, reforça. O sacerdote confia que Nossa Senhora vai proteger sua terra natal. “Ela própria escolheu a Polônia. Maria foi proclamada como Rainha pelo rei João Casimiro, quando vencemos os suecos (conflito no século 17). O fundador da minha congregação, Cardeal August Hlond, também a proclamou como Rainha após a Segunda Guerra Mundial. A Polônia já foi consagrada ao Sagrado Coração de Jesus. Eles irão proteger a Polônia de qualquer ameaça.”
Vida de Fé na comunidade
A Capela Nossa Senhora do Monte Claro tem missa diária às 7h. Conforme o sacerdote, a frequência dos fiéis tem surpreendido. “Recebemos muitos casais jovens, com filhos. No domingo, na missa das 10h30, os cantos são em polonês e a homilia em português. Após a celebração temos o hábito de servir um café para os fiéis. Desta forma conseguimos confraternizar no salão, conversar”, conta o padre Dislau.
Estas confraternizações geraram ideias de práticas piedosas entre os fiéis. “Os homens falaram sobre um movimento que ocorre na Polônia onde os homens nos primeiros sábados do mês em algumas comunidades rezam o terço pelas ruas. Deste movimento surgiu a prática de rezar o terço aqui também. Uma dezena em português e outra em polonês”, disse.
O sacerdote aponta que é bastante procurado por pessoas de origens polonesas para receber os sacramentos. “Às vezes muitos ficam com receio por já não ter o sobrenome polonês, mas eu confio na honestidade e na boa vontade da pessoa que me procura.”
Ligação com o Brasil
O sacerdote polonês Zdzislaw Malczewski desembarcou no Brasil em 31 de março de 1979, três anos após ser ordenado presbítero. “Desde muito novo senti um chamado pelo Brasil, não sei explicar muito bem. Quando visito minha cidade natal, as casas e os prédios são iguais, mas as pessoas não. Meus superiores algumas vezes tentaram me transferir, mas sempre pedi para permanecer aqui.”
Mais informações sobre a missão polonesa no Brasil:
https://polonicus.com.br/site/apresentacao.php