Centenário da Catedral Metropolitana: missa e livro marcam os 100 anos da Pedra Fundamental

06/08/2021

A Arquidiocese de Porto Alegre celebra no próximo sábado, dia 7 de agosto de 2021, os 100 anos da Pedra Fundamental da Catedral Metropolitana Madre de Deus, localizada no Centro Histórico da Capital (Duque de Caxias, 1047). A data ficará marcada pelo lançamento oficial do livro “Das Pedreiras às Torres e Carrancas: Uma Nova Catedral para Porto Alegre” e por uma missa especial presidida pelo arcebispo Dom Jaime Spengler e concelebrada pelo pároco, padre Rogério Luís Flôres, no dia seguinte, 8 de agosto, às 10h. O livro, no formato digital, estará disponível no site da catedral https://www.catedralpoa.com.br.

Um livro em homenagem

Com registros fotográficos e documentais inéditos sobre o processo de construção do novo templo, a obra reproduzirá documentos, fotografias e anotações sobre os trabalhadores, materiais de construção e correspondências. “O objetivo é apresentar os registros históricos que foram tão bem preservados, e resgatar a memória deste momento vivenciado e ainda lembrado por muitos”, explica Caroline Zuchetti, Museóloga da Arquidiocese de Porto Alegre.

“Foram necessárias quase sete décadas de trabalho intenso para que o sonho ganhasse contornos definitivos. A Catedral Madre de Deus é hoje exemplo simbólico da totalidade da humanidade que anseia por uma nova e bela ordem”, afirma Dom Jaime Spengler.

Marco da cidade

Com construção que levou 65 anos, a Catedral de Porto Alegre tornou-se um dos grandes marcos na história da cidade. A edificação em estilo neo-renascentista foi assinada pelo arquiteto italiano Giovanni Battista Giovenale, e tem como seu mais importante símbolo a cúpula, que destaca-se entre os arranha-céus com seus 73 metros de altura e 17 metros de diâmetro.

O início do projeto da atual Catedral remonta a um concurso de plantas realizado em 1916. O projeto vencedor, em estilo gótico, do arquiteto Jesús Corona, foi declarado inexequível pela comissão técnica avaliadora. Uma solução foi tentada por uma empresa americana, especializada em construções de igrejas, mas a ideia também se tornou inviável.

Em 1920, Mons. João Maria Balem foi nomeado diretor de obras após, em conversa com Dom João Becker, achar uma nova solução. Buscou-se inspiração em um projeto renascentista do arquiteto italiano Giovanni Battista Giovenale, e o engenheiro José Hruby foi convidado para desenhar uma nova edificação com as mesmas características, aparentemente mais viáveis.

Em março de 1920, Mons. Balem fez o primeiro contato com o arquiteto italiano, que ofereceu ajuda com o projeto de Hruby. Ao perceber que o projeto necessitava de ajustes, Giovenale ofereceu seus serviços para redesenhá-lo, com sua marca e assinatura.

As primeiras plantas da cripta ainda estavam sendo elaboradas pelo arquiteto Giovenale, quando, em 7 de agosto de 1921, foi lançada a pedra fundamental da Nova Catedral.

A primeira etapa do projeto foi a construção da parte inferior (cripta), tendo sido concluída oito anos depois. No dia 20 de março de 1929, foi celebrada a última missa na antiga Catedral, e trasladados os restos mortais dos bispos Dom Feliciano e Dom Sebastião para a cripta.

Pedras

As pedras utilizadas no revestimento da cripta foram extraídas da pedreira Teresópolis, adquirida pela Arquidiocese especialmente para a obra. Outras duas pedreiras foram adquiridas durante a construção.

Todo serviço de cantaria das pedras era executado no canteiro montado junto da pedreira. Na década de 1930, essa oficina foi transferida para o bairro Medianeira, pois ali já existia energia elétrica e facilitaria o transporte das pedras.

No início da obra, os blocos de granito eram transportados por carroças de mulas.

A cripta serviu de Catedral provisória durante 20 anos, quando em 1948, para as celebrações do V Congresso Eucarístico Nacional, a nave da Catedral foi provisoriamente inaugurada, sob gestão do novo arcebispo, Dom Vicente Scherer.

O projeto original não previa todas as paredes em pedra na parte superior da igreja. A ideia surgiu do Mons. Balem, que solicitou um estudo para o arquiteto, que aprovou a sugestão.

Entre 1953 e 1956 uma grande campanha pró-cúpula foi lançada com a finalidade de concluir o projeto inacabado, o que só aconteceu em 1971.

A grande cúpula mede cerca de 18 metros de diâmetro e 65 metros de altura até o topo. No ato de sua inauguração era revestida com placas de mármore branco, substituídas por cobre, conforme projeto original, em meados dos anos 2000, antes de seu tombamento.

Inauguração

A inauguração da Catedral Madre de Deus foi realizada em 10 de agosto de 1986, por Dom Cláudio Colling, que se incumbiu de finalizá-la e dar os acabamentos internos ainda faltantes.

Falecido em 1934, em Roma, o arquiteto Giovenale nunca esteve em Porto Alegre para conhecer a obra finalizada. O acompanhamento da obra sempre foi feito através de registros fotográficos enviados por Mons. Balem, troca de correspondências e telegramas. Antes de falecer, o arquiteto já havia entregado todo projeto e detalhamentos internos.

Os registros fotográficos preservados por Mons. Balem fazem parte do acervo arquivístico da Cúria Metropolitana, assim como as cartas, atas e demais documentos da obra, que, em grande parte, estarão no livro que será lançado por ocasião do centenário da Catedral.



Autor:
Patricia Damaceno (Ascom)

Fonte:
Ascom

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