A escolha fundamental

03/02/2022

 

A vida é marcada pelas muitas escolhas que fazemos no dia a dia. Sem entrar na apreciação das motivações que nos levam a escolher isso ou aquilo é certo que cada escolha trás consequências boas ou ruins para a vida pessoal podendo ter impactos profundos nos outros e também no meio ambiente no qual estamos vivendo. Buscar fazer a escolha certa e no momento certo é algo essencial para todo ser humano. Sabemos que não escolhemos nascer e nem escolhemos a família na qual nascemos, mas vamos aprendendo passo a passo que podemos escolher a melhor forma para viver no ambiente familiar ou em qualquer outro. A vida é, portanto, marcada por escolhas!

No entanto, tais escolhas devem ser iluminadas e sustentadas por uma escolha fundamental que cada um deve fazer. Para nós cristãos essa escolha fundamental tem nome: Jesus Cristo. Acolher Jesus é o mesmo que escolher e acolher a verdadeira vida como dom que Deus Pai nos oferece. Já, para o povo de Israel, no Antigo Testamento, conforme o Livro de Deuteronômio, a mensagem era clara: “Escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, amando ao Senhor, teu Deus, dando ouvido à sua voz e apegando-te a ele” (Dt. 30 19-20). Portanto, somente dando a devida atenção à voz de Deus e deixando-se guiar pela mesma, o ser humano compreenderá que suas escolhas exigem grande discernimento e responsabilidade, pois cada escolha afeta o próprio ser e pode afetar tudo ao ser redor.

Seria muito bom saber sempre dar ouvido à voz de Deus e apegar-se a ele com todo o coração, mas temos consciência de nossas limitações e fragilidades humanas. Nem sempre as escolhas que fazemos são movidas por essa escolha fundamental que é Jesus Cristo. Não poucas vezes deixamos com que o egoísmo e sentimentos mesquinhos orientem nossa vida. São Paulo Apóstolo já dizia: “não faço o bem que quero, mas o mal que não quero” (Rm. 7,19). É essa realidade que nos acompanha sempre. Existe em nós essa dualidade. Mas o que fazer diante disso? A palavra chave agora é humildade. É necessário na humildade reconhecer o quanto temos a melhorar e amadurecer cada vez mais como seres humanos e certamente como cristãos. Nesta parte Paulo aos Efésios já dizia: “vivendo segundo a verdade, no amor, cresceremos sob todos os aspectos em relação a Cristo, que é a cabeça”( Ef. 4,15).

É essa escolha fundamental, Jesus Cristo e seus ensinamentos, que deverá nortear sempre a vida de cada um. Com um olhar sempre voltado e fixo em Jesus Cristo será possível reconhecer nossas escolhas erradas no jeito de viver e conviver uns com os outros e também com o próprio meio ambiente e buscar redirecionar nossa vida para valores importantes e essenciais. Aqui vale lembrar o Papa Francisco em sua carta encíclica “Fratelli Tutti” quando nos convida a “caminhar na esperança” recordando uma realidade presente “no mais fundo do ser humano”. Ele fala “de uma sede, de uma aspiração, de um anseio de plenitude, de vida bem sucedida, de querer agarrar o que é grande, o que enche o coração e eleva o espírito para coisas grandes, como a verdade, a bondade e a beleza, a justiça e o amor” (FT, n. 55).

O ser humano, portanto, tem em si um potencial dado por Deus para direcionar sua vida para o bem e para tudo que favorece a construção de um mundo mais humano, fraterno e justo. Contudo sem a graça do mesmo Deus nada podemos fazer. O próprio Jesus disse: “sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 5).



Autor:
Dom Aparecido Donizeti de Souza

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