Escolhas que se impõem

02/11/2020

A crise causada pelo novo coronavírus impôs a incerteza como regra com a qual provavelmente conviveremos pelos próximos anos.

Estamos sendo obrigados a resgatar o indispensável da existência humana. Ninguém sairá ileso desta tragédia sanitária e de seus desdobramentos.

Se até pouco tempo o que regia a sociedade era um conjunto de convicções construídas ao longo de séculos, agora nos vemos atingidos por um vírus que se aloja no corpo humano de forma não totalmente compreensível, dizimando certezas tidas como científicas.

O sentimento de medo, seja de ser infectado, de ser entubado, da perda de familiares ou amigos, da falta do necessário para o sustento da própria família, ou de morrer pode ser expressão da salutar consciência da própria fragilidade da existência e sua finitude, além de chamar a atenção, uma vez mais, para a relação existente entre destruição ambiental e segurança ecológica.

O tempo presente é oportunidade privilegiada para reaprender a distinguir entre o essencial e o supérfluo. A crise exigirá escolhas de consumo, demandando um novo equilíbrio socioeconômico. Este será salutar, se houver determinação política para defender e promover o bem comum, seguindo os critérios de justiça.

No próximo dia dois de novembro, como comunidade de fé, recordamos nossos falecidos. Solidarizamo-nos com as famílias de mais de 155 mil brasileiros mortos, vítimas da COVID-19, além daqueles que não puderam ser dignamente atendidos à causa da precariedade do sistema sanitário e de saúde.

Ciência e filantropia pautadas pela ética, recordam a capacidade humana de se superar, cooperando assim para a construção de uma sociedade mais justa, fraterna e sadia.

Reconhecer o rosto do outro nos recorda que somos filhos e, portanto, irmãos e irmãs.



Autor:
Artigo escrito por Dom Jaime Spengler para o Jornal Zero Hora.

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