22/06/2025
“Vós todos sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo” (Gl 3,26). A fé implica um percurso de vida! É expressão da experiência do encontro com a pessoa de Jesus Cristo; é graça! Ela é “fundamento daquilo que ainda se espera e prova de realidades que não se veem” (Hb 11,1).
São Paulo dirá que “somos justificados (salvos) por crer em Jesus Cristo” (Gl, 2,16). As obras realizadas pelo discípulo do Senhor não são a causa, mas o fruto da salvação. Elas são expressão da autenticidade da fé. Tal compreensão, todavia, não diminui a importância decisiva da fé; sem ela a religião se reduziria a moralismo e manifestação ritual e social.
Jesus interroga os discípulos sobre sua identidade: “vós, quem dizeis que eu sou?” A resposta à pergunta do Senhor só pode ser respondida por quem se reconhece tocado pela graça da experiência da fé! A identidade de Jesus só pode ser reconhecida e professada numa relação de intimidade; numa relação por meio da qual o discípulo se reconhece agraciado pelo dom da fé em Cristo.
Consequentemente o testemunho do discípulo não pode ser reduzido à simples transmissão de informações, mas traz as características da experiência de alguém que se sabe participante do destino de Jesus.
A pergunta de Jesus aos discípulos, é também apresentada, na fé, a nós. Quem é Jesus para cada um de nós? É Ele a Palavra eterna do Pai que se fez homem para redimir a humanidade? A cruz que somos convidados a assumir é a da vida, do próprio dever, do serviço em prol do cuidado e promoção da vida, da disponibilidade a ser solidários com os mais necessitados. Trata-se de dar, de “perder” algo de nós, pois nisto está a graça de salvar a própria vida (Lc 9,24).
Dom Jaime Cardeal Spengler
Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre