"A nossa capacidade vem de Deus": Arquidiocese celebra Dia do Padre

03/08/2021

Em celebração ao Dia do Padre, os presbíteros da Arquidiocese de Porto Alegre estiveram reunidos por Vicariato e Área Pastoral na manhã desta segunda-feira (2), quando realizaram um momento de oração seguida de reflexões transmitidas pela internet e conduzidas por Dom Joel Portela, Secretário Geral da CNBB, e por Dom Jaime Spengler.

“Foi muito bom ouvirmos as palavras de nosso arcebispo, de motivação e de valorização. O fato de estarmos reunidos em um grupo menor, mais local, em função das recomendações sanitárias, é uma experiência nova, nos une ainda mais”, contou o padre Miguel Orlando da Silva Faleiro, pároco da Nossa Senhora dos Navegantes, de Charqueadas, e coordenador da Área Pastoral de São Jerônimo do Vicariato de Guaíba. “A presença de Dom Joel, mesmo que distante, também nos ajudou a celebrar a data, quando fez referência à palavra e a figura do presbítero: imagem, servo e ponte.”

“A partilha de Dom Joel foi muito procedente e atualizada, situando o contexto da realidade, e como nós presbíteros deveremos nos precaver e prevenir diante de uma cultura e valores insuficientes da sociedade hoje. O Evangelho de Jesus transcende e transforma esta realidade”, reconheceu o padre Rogério Luís Flôres, pároco da Catedral Metropolitana. “Quanto à fidelidade e perseverança dos padres em todas as faixas etárias, ele lembrou que não somos padres sozinhos, solitários. Somos um ‘presbitério’. ‘Não podemos cair no individualismo, no risco da vaidade, não somos do mundo, mas estamos no mundo em missão.’”

“Este Dia do Padre foi uma experíência nova e muito boa. Ouvir Dom Joel falando do padre como o homem da Palavra, que busca essa intimidade com a Palavra, é sempre algo muito necessário de recordar”, analisou o padre Kauê Antonioli Pires, promotor vocacional e pároco da Senhor Bom Jesus, em Porto Alegre. “Além disso, é sempre muito bom ver os padres se encontrando, celebrando, brincando entre irmãos, o que já é uma tradição aqui em Porto Alegre. Sempre muito importante recordar nossa missão de homens que querem ser mais e mais semelhantes a Jesus, e fazer este itinerário de entrega de vida pelo povo de Deus e pela salvação das almas.”

O encontro foi concluído com uma mensagem do padre Agostinho Sauthier, chanceler da Arquidiocese e vigário paroquial da Catedral Madre de Deus. “Tenho a alegria de comemorar junto com vocês o dia do padre. Faço esta comemoração olhando para Cristo. Para ser padre é preciso ser discípulo de Cristo”, afirmou ele no início da mensagem.

Ao mencionar São João Maria Vianney, padroeiro dos sacerdotes, o padre Agostinho lembrou que ele é representado num Vitral da Catedral de Porto Alegre que é iluminado à noite pelas luzes da cidade. “São João Vianney quanto mais se gastava no serviço tanto mais se revigorava na mística e na dedicação. A seu exemplo crescemos também nós em nossa vocação com confiança, gratidão e alegria. Sabemos que ‘a nossa capacidade vem de Deus, que nos tornou capazes de exercer o ministério da aliança nova (2Cor 3,6).’”




Sobre o Dia do Padre

Nesta quarta-feira, 4 de agosto, a Igreja festeja São João Maria Vianney, o Santo Cura d'Ars. Sua vida pode ser resumida no pensamento: "Se soubéssemos bem o que é um padre na terra, morreríamos: não de medo, mas de amor". 

Nascido em 8 de maio de 1786 em Dardilly, próximo a Lyon, e falecido aos 73 anos no dia 4 de agosto de 1859, foi beatificado pelo Papa Pio X em 1905 e canonizado em 1925 pelo Papa Pio XI que o proclamou, em 1929, Padroeiro dos Párocos.

Em 1959, por ocasião do centenário da sua morte, São João XXIII dedicou-lhe a Encíclica Sacerdotii Nostri Primordia, apresentando-o como modelo para os sacerdotes.

Mensagens para a data

Como mais uma forma de meditar sobre o dia dedicado aos sacerdotes, Dom Jaime Spengler recomenda a homilia do Papa Francisco da Missa do Crisma, realizada no dia 1º de abril deste ano. No texto, o Santo Padre diz que “andam juntas a hora do anúncio jubiloso e a hora da perseguição e da cruz. A proclamação do Evangelho está sempre ligada ao abraço duma cruz concreta. A luz suave da Palavra gera clareza nos corações bem-dispostos, e confusão e rejeição naqueles que o não estão”. Clique aqui para ler a homilia completa.

Abaixo, a íntegra da mensagem do padre Agostinho Sauthier:
 



Tenho a alegria de comemorar junto com vocês o dia do padre. 
Faço esta comemoração olhando para Cristo. 
Para ser padre é preciso ser discípulo de Cristo. Pergunto: por que aceito hoje e quero aceitar sempre o convite de ser discípulo de Jesus?
Aceito este convite porque fui descobrindo no decorrer da vida que Jesus não manda ninguém no lugar dele.
Ele assume por primeiro. “Se alguém quer ser meu discípulo tome a sua cruz e siga-me”. Como posso segui-lo se Ele não vai na minha frente?
Sim, Ele vai na frente. Marcos escreve: “estavam no caminho subindo para Jerusalém. Jesus ia à frente deles. Estavam assustados e caminhavam com medo... Eis que temos subindo para Jerusalém e o Filho do Homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão e o entregarão aos gentios, zombarão dele e cuspirão nele, o açoitarão e o Matarão. (Mc 10,32-34)
E Jesus não pede a outro para substituí-lo do sacrifício.
Na ceia ele diz assim: “Tomai e comei. Isto é o meu corpo que será entregue por vós.”
“Tomai e bebei. Este é o cálice do meu sangue que será derramado”. (Lc 22,19ss)
Esta atitude de Cristo, de assumir pessoalmente o desafio, me dá a certeza de que Ele não me engana. Eu acredito, tu acreditas. Sim, podemos confiar plenamente!
Agora, num segundo passo, vamos nos colocar juntos no presbitério em face à Trindade.
Aí percebemos duas reações de Jesus que são possivelmente as mais veementes dos Evangelhos.
Primeira reação: “Então fez um chicote com cordas e a todos expulsou do Templo. Não façais a casa do meu Pai uma casa de comércio.” (Jo 2,15-16)
Segunda reação, ainda mais enérgica:
Diziam: “Ele expulsa os demônios em nome de belzebu, o chefe dos demônios” (Mt 12,24)
Resposta de Jesus: “Por isso eu vos digo, todo pecado e toda blasfêmia serão perdoados, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada.” (Mt 12,31)
Notemos: são duas vezes que Jesus reage com toda a veemência. É quando desrespeitam o pai e quando falam mal do Espírito Santo.
Esta é uma demonstração de modo humano em que Cristo sinaliza e defende a divina união da Trindade.
Jesus, por assim dizer, “não suporta” quando alguém desrespeita outra pessoa da Trindade.
Em seguida vemos que se alguém disser algo contra o Filho, que está presente, este é perdoado.
“Mesmo se alguém disser alguma palavra contra o Filho do Homem, lhe será perdoado. Mas, se falar contra o Espírito Santo não será perdoado nem neste mundo nem no mundo que há de vir.”  Mt 12,32
Essas reações exemplares de Jesus são um facho de luz sobre o modo de ser e de conviver na nossa comunhão do presbitério. “Para que sejam um como nós somos um.” Jo 17,11
Para finalizar vamos agradecer a proteção de nosso Padroeiro São João Maria Vianney. Ele é representado num Vitral da Catedral de Porto Alegre que é iluminado à noite pelas luzes da cidade. São João Vianney quanto mais se gastava no serviço tanto mais se revigorava na mística e na dedicação.
A seu exemplo crescemos também nós em nossa vocação com confiança, gratidão e alegria. Sabemos que “a nossa capacidade vem de Deus, que nos tornou capazes de exercer o ministério da aliança nova. (2Cor 3,6).
Assim, comemorando o Dia do Padre, nós nos damos reciprocamente os parabéns e expressamos nossa Ação de Graças. Qual é a melhor maneira de fazer Ação de Graças?
A melhor maneira de fazer ação de graças é colocar as Graças em ação.
Minha sugestão: neste tempo de pandemia certamente cada um de nós tem perdido alguém bem próximo. Num impulso de solidariedade redobra o ardor da missão em nome daqueles que partiram. Não fiquemos só na saudade, mas cerremos as fileiras da Evangelização. Muitos que estão me escutando talvez recordem de tantos encontros em que não saudávamos com a palavra “joia”!  Vivamos este dia do padre a joia preciosa, parecida com a Pérola do Reino dos Céus. Sim vivamos a joia imperdível do chamado de Cristo, que é Nossa vocação.

 



Autor:
Juliano Rigatti e Vatican News

Fonte:
Ascom

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