Arquidiocese em festa pela ordenação presbiteral do Pe. Henrique Zimmer

27/06/2022

Arquidiocese em festa pela ordenação presbiteral do Pe. Henrique Zimmer

O dia 24 de junho de 2022 ficará para sempre na história da comunidade da paróquia São João Batista, em Porto Alegre. Um filho da comunidade foi ordenado presbítero pela primeira vez nos seus 103 anos de história. Henrique Zimmer, 33 anos, recebeu o segundo grau da ordem na data da natividade de São João Batista pelas mãos do arcebispo metropolitano Dom Jaime Spengler. Concelebrou o bispo auxiliar Dom Darley José Kummer e o clero diocesano. 

 

Entre os fiéis que marcaram presença estavam a mãe, Elaine, e seus irmãos, Vinícius e Carolina, além de paroquianos da paróquia São Vicente de Paulo, de Cachoeirinha, onde o padre Henrique Zimmer seguirá exercendo seu ministério agora como vigário paroquial e também fiéis onde o presbítero esteve no tempo de seminarista.

 

Após ser ordenado sacerdote, o padre Henrique Zimmer recebeu os fiéis, os colegas do Clero, seminaristas, religiosos e os seus familiares, para uma confraternização no salão paroquial. A primeira missa presidida pelo padre Henrique Zimmer ocorreu no domingo (26), às 10h, também na paróquia São João Batista.

 

Nesta sexta-feira - 1º de julho será ordenado presbítero o diácono Aluísio Cabreira. A celebração será na paróquia Menino Deus, em Porto Alegre, a partir das 19h.  

 

Homilia de Dom Jaime Spengler

 

Em João Batista se cruzam os aspectos da continuidade e descontinuidade. Por um lado, João anuncia a necessidade de conversão. Por outro, inaugura um tempo novo, esperançoso, acolhido e assumido por Nosso Senhor Jesus Cristo. O Senhor reconhece a qualidade humana de João. Entre os nascidos de mulher ninguém é maior que João, ainda que nosso diácono seja baixinho. Tanto Jesus como João são considerados profetas. Isto é, homens de Deus, portadores da palavra, testemunhas da presença desta palavra criadoras no mundo.  

 

Nesta comunidade dedicada a São João Batista, fazemos memória do precursor dos tempos novos. Participamos da ordenação presbiteral neste ambiente, em comunidade, nós suplicamos as graças necessárias, todos, para sermos, também nós, construtores de caminhos novos para que todos, não só alguns, possam gozar de dias melhores, marcados por justiça verdadeira, paz, dignidade, liberdade, fraternidade, fé, caridade. Precisamos. O nosso povo precisa. Como ontem também hoje os profetas são rejeitados por vezes ignorados, julgados, execrados e até mesmo condenados senão assassinados. Contudo, esta situação não impede alguém de sentir corresponsável participante da construção do novo que todos desejamos e necessitamos. De uma sociedade virtuosa, justa, saudável, em que o foco seja sempre o cuidado e a promoção da vida.

 

O nascimento de João Batista foi motivo de alegria. E a alegria se fez louvor nos lábios de Isabel, dos conhecidos. Aquele nascimento cheio de mistério. E sentir o mistério de um Deus amor que visita, age, plenifica a existência, não só pessoal, mas comunitária é motivo de grande, enorme alegria. E a alegria é muito importante, fundamental para a experiência de fé. Um cristão não pode ser triste. A tristeza não pode ter lugar na caminhada de fé de um batizado, batizada, de alguém que se sente amado, querido, íntimo, do Deus amor. 

 

Também nos alegramos com a disposição do Henrique em acolher o sacramento da Ordem no grau de presbítero. Também a vocação traz as marcas do mistério. O mistério. E como Isabel, seus parentes e vizinhos, também nós rogamos ao Senhor que nos envie a ti, Henrique, para cooperar com nosso ministério, no seio deste presbitério, entre irmãos. No seio do presbitério, com o presbitério, na comunhão com o presbitério. Que tu possas ser um homem autêntico e determinado. Do anúncio e da presença entre nós do novo. Da recordação de que a esperança é uma realidade entre nós e de que sempre é possível abrir novos caminhos, mesmo quando tudo parece bloqueado e, às vezes, tem aqueles que querem voltar atrás. Pois a partir da fé sempre é possível o novo, novas oportunidades, novos horizontes. Possas tu, conosco, entre nós, no exercício do ministério e na pertença alegre e generosa ao presbitério, colaborar na preparação de caminhos, de tempos novos para todos sempre, a partir do Evangelho do Crucificado-Ressuscitado. Deus te ilumine.

 

Mensagem do Pe. Henrique Zimmer

 

Ouvindo uma música do Beatle George Harrison, intitulada “Hear me Lord” na tradução “Ouve-me Senhor” fiz uma verdadeira experiência de oração. A letra daquela música era uma oração que se tornou a minha oração. “Perdoa-me Senhor por favor pelos anos em que te ignorei. Perdoa-lhes Senhor àqueles que sempre não podem entregar-se. Ajuda-lhes Senhor, por favor, a ultrapassar essas condutas. Ajuda-me Senhor a amar-te com mais sentimento. Em ambos os fins da estrada não há lugar em que não estejas. Ajuda-me Senhor, por favor, a subir um pouco mais alto. Ouve-me Senhor, por favor.”

 

A partir daí percebi Deus conduzindo com sua luz gentil, cálida, discreta. Aos poucos fui aprendendo a entregar por Deus e para Deus tudo o que tenho e tudo que sou. Tudo pelo Tudo. Até chegar este dia de 24 de junho de 2022, solenidade de São João Batista. Muito aconteceu e eu agradeço a todos quantos que participaram desta caminhada até aqui e que caminharão mais um pouco se for preciso. Agradeço à Igreja, ao nosso pastor, Dom Jaime, por confirmar minha eleição, minha vocação, e conceder-me este ministério de presbítero. Lembro com carinho das paróquias da Arquidiocese pelas quais passei. A paróquia Santa Bárbara, de Arroio dos Ratos, a paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, de Cachoeirinha, a paróquia Sagrado Coração de Jesus, de Alvorada, onde fiz meu ano pastoral, e a paróquia São Vicente de Paulo, onde exercia o diaconato até agora. 

 

Lembro de cada realidade e das pessoas que conheci com alegria. Nesta alegria quero incluir os anos que trabalhei na animação vocacional da Arquidiocese, na equipe Kairós, acompanhando nossos vocacionados, alguns dos quais hoje seminaristas. Agradeço aos padres que me acompanharam neste tempo, nos seminários, nas pastorais. Aos frades e irmãs carmelitas. Aos amigos padres da Arquidiocese e de outras dioceses. Os colegas de seminário que já são padres e também os que ficaram pelo caminho. Obrigado por me ensinarem o que é fraternidade. Logo seremos irmãos no presbitério. Obrigado por todo apoio, contem comigo e peço que me ajudem a ser um bom padre. Talvez meio fora do esquadro, roqueiro, deste jeito, me ajudem a ser um bom padre.

 

Agradeço a minha família. Certa vez, a minha mãe me perguntou se eu tinha resolvido ser padre por decepção com o matrimônio, pois o casamento dos meus pais havia “Falhado”. Mas não. Apesar da separação, do divórcio, o matrimônio de vocês não falhou. Foi fértil, deu frutos. Três filhos e um neto. Obrigado mãe pela proximidade, pelo amor. Em me compreender, proteger. Te amo. Amo meus irmãos, nossos agregados todos, os parentes. Amo também aqueles que partiram e foram testemunhas deste amor na nossa família. Em especial minha madrinha e meu pai, vítimas da Pandemia. Antes de partir, meu pai me presenteou com a casula com a qual fui revestido. Obrigado Pai. Te amo.

 

Celebramos o padroeiro desta comunidade, da minha comunidade. Em 1989, quando esta paróquia completava 70 anos, tornei-me cristão aqui, nesta pia batismal. Passados 33 anos, agradeço aos paroquianos  que, comigo, alegram-se nesta noite em poder como comunidade dar o primeiro padre desta paróquia para a Igreja em seus  103 anos como paróquia. Agradeço a todos que se empenharam nessa ordenação, a todo o povo que se mobilizou. Sigam firmes e contem comigo. Que a Mãe de Deus, padroeira da Arquidiocese, interceda por todos. 





Autor:
Marcos Koboldt

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