Ordenação Episcopal de Monsenhor Maurício Jardim será na Catedral Metropolitana Mãe de Deus

22/06/2022

Ordenação Episcopal de Monsenhor Maurício Jardim será na Catedral Metropolitana Mãe de Deus

A Arquidiocese viverá um momento especial quando um dos seus filhos, o Monsenhor Maurício Jardim, será ordenado bispo da Diocese de Rondonópolis-Guiratinga (MT). A solenidade está confirmada para o dia 19 de agosto, às 19h, na Catedral Metropolitana Mãe de Deus, no Centro Histórico de Porto Alegre, com transmissão ao vivo pela Rede Vida.  A ordenação episcopal volta a acontecer na capital após 13 anos. No dia 15 de maio de 2009 foi ordenado Dom Rodolfo Luís Weber, atual arcebispo de Passo Fundo.  

 

Nomeação pelo Papa Francisco

 

O boletim da Santa Sé publicado na manhã do dia 08 de junho anunciou a nomeação do padre Maurício Jardim,  53 anos, do clero da Arquidiocese de Porto Alegre, como bispo da Diocese de Rondonópolis-Guiratinga (MT).  Natural de Sapucaia do Sul, Região Metropolitana de Porto Alegre, Monsenhor Maurício Jardim estava há seis anos como diretor das Pontifícias Obras Missionárias (POM) no Brasil.

 

Adolescência e Juventude

 

Sexto e último filho do casal Cecy da Silva Jardim e Honório Corrêa Jardim (falecido)., Monsenhor Maurício recorda como um momento marcante em sua caminhada de fé, a participação em um encontro do CLJ (Curso de Liderança Juvenil) da Arquidiocese de Porto Alegre, quando tinha 16 anos.  “Minha caminhada de fé começa com um encontro pessoal com Jesus Cristo no ano de 1985. Eu fiz o CLJ [Curso de Liderança Juvenil] em Canoas, após ser convidado por dois colegas do curso de técnico mecânico que fazia. Participei daquele momento com os jovens e me senti muito tocado pela pessoa de Jesus. Depois deste momento, de descobrir o amor de Deus na minha vida, decidi participar mais da vida da Igreja. Até os 16 anos só tinha recebido o Sacramento do Batismo. A partir daí fui fazer a Eucaristia, Crisma”, relembrou o sacerdote.

 

O ainda adolescente Maurício Jardim então ingressou com mais profundidade na vida da comunidade de fé. “Senti-me muito atraído pelo Evangelho de Jesus. Eu participava de retiros, de encontros e cursos para jovens, me ofereci para ser catequista. Neste período uma religiosa chamada irmã Maria me perguntou se eu nunca tinha pensado em ser padre. Quando ela me fez essa pergunta me incomodou muito, entrou na minha cabeça e não saiu mais. Sempre pensava no que era ser padre, como ser padre. Aí fui descobrindo a Igreja, buscando orientações com meu pároco na época - na paróquia Nossa Senhora de Fátima em Sapucaia do Sul com o padre Julio Bergmann -, também participava no Centro, na paróquia Nossa Senhora da Conceição, com o padre Adilson Kunzler, que me deu muito apoio. Via o testemunho, a alegria dos padres, iniciei um processo de discernimento, e pensava. ‘Eu também quero ser assim, quero entregar minha vida’’’.

 

No ano de 1991, aos 22 anos, ingressa no seminário de Gravataí percorrendo o caminho da Filosofia e Teologia até ser ordenado sacerdote por Dom Altamiro Rossato – arcebispo de Porto Alegre no ano de 1999. “Penso que a missão de fato nasce do encontro. É um amor que se traduz em seguimento para toda a vida. Minha fé começou na paróquia, fui catequista. Cheguei a concluir um curso de técnico em mecânica, trabalhei na área por dois anos, mas teve o momento de ingressar no seminário, cancelar a faculdade de Engenharia Mecânica que eu vinha fazendo. Comuniquei a minha família, alguns ficaram surpresos, pois não há histórico de vocações sacerdotais ou religiosas. Alguns se surpreenderam, não compreenderam, mas fui apoiado também. Meu pai disse ‘se você vai ser feliz então tem todo meu apoio'''.

 

Ordenação Sacerdotal

 

Ordenado presbítero em dezembro de 1999, Pe. Maurício Jardim foi nomeado vigário paroquial na paróquia São Vicente de Paulo, Cachoeirinha, no ano 2000. No ano de 2002 foi nomeado assessor da Pastoral da Juventude da arquidiocese de Porto Alegre, cargo que exerceu até 2007.  Neste tempo foi pároco na paróquia Divino Pai Eterno, no bairro Rubem Berta. No ano de 2007 foi nomeado pároco da paróquia N. Sra. do Caravágio em Porto Alegre onde ficou por um ano, quando foi enviado como missionário ao Moçambique permanecendo até 2012 pelo projeto Igreja Solidária do Regional Sul III da CNBB.

 

No retorno à Arquidiocese de Porto Alegre foi nomeado pároco na paróquia São Vicente Pai dos Pobres, em Gravataí, de 2012 a 2015. Neste período também foi orientador espiritual do curso propedêutico nos anos de 2014 e 2015, coordenador da Pastoral Presbiteral da Arquidiocese de Porto Alegre de 2013 a 2016, e vice-coordenador do Regional Sul 3 da CNBB. Em novembro de 2015 foi nomeado Animador Vocacional da arquidiocese de Porto Alegre até junho de 2016 quando foi designado pelo cardeal Fernando Filoni da Congregação da Evangelização dos Povos, Diretor Nacional das Pontifícias Obras Missionárias (POM).

 

Sobre a Missão em Moçambique

 

Entre os anos de 2008 e 2012, o Monsenhor Maurício Jardim exerceu o ministério em Moçambique. “O apelo para Missão Ad Gentes veio através de um retiro orientado por Dom Jaime Kohl, bispo de Osório e, na ocasião, referencial do Conselho Missionário Regional da CNBB, responsável pelo projeto Igrejas Solidárias do Sul 3. Na época, a Arquidiocese de Nampula, em Moçambique, estava necessitando de um padre para ação missionária em duas paróquias por um período de três anos. Em diálogo com Dom Dadeus Grings [arcebispo emérito de Porto Alegre], coloquei-me à disposição para ser enviado pelo Regional Sul 3 para este serviço missionário. O Arcebispo então com generosidade e espírito de cooperação com a missão universal disse: ‘Quem somos nós para ir contra o Espírito Santo?'".

 

O apoio de Dom Dadeus, conta Padre Maurício, foi fundamental para embarcar na nova missão. “Foram três anos e seis meses de intensa vida missionária, assumindo duas paróquias com 140 comunidades. Um tempo fecundo para redescobrir a vocação missionária recebida desde o batismo e na configuração a Cristo missionário do Pai e bom pastor, através da ordenação sacerdotal. Em Moçambique aprendi uma nova língua com seus desafios culturais de inserção na caminhada pastoral daquela Igreja local que até hoje necessita de nossa presença missionária.”

 

O tempo na África foi de aprendizado na caminhada do sacerdote. “Aprendi nesta experiência missionária, que se tornou um projeto para toda vida, que a Missão é de Deus e não se restringe ao âmbito da pastoral ordinária das Igrejas particulares, mas é universal, conforme o mandato de Jesus para ir a todos os povos, até os confins do mundo. Creio que esta vivência missionária enriqueceu minha identidade de presbítero diocesano e a Arquidiocese de Porto Alegre que me enviou.”

 

O trabalho e missão das Pontifícias Obras Missionárias

 

As Pontifícias Obras Missionárias, organismos oficiais da Igreja Católica e vinculados à Congregação para a Evangelização dos Povos, são uma rede mundial de oração e solidariedade para apoiar o Papa no seu compromisso missionário com todas as Igrejas particulares. Realizam isso mediante a oração, que é a alma da missão, e o auxílio material aos cristãos no mundo inteiro, ajudando a despertar a consciência missionária Ad Gentes.

 

As POM foram criadas espontaneamente pelo fervor missionário expresso pela fé dos batizados. Duas mulheres (Pauline Marie Jaricot e Jeanne Bigard), um Bispo (Charles de Forbin-Janson) e um sacerdote (Pe. Paolo Manna) foram os fundadores carismáticos de um grande movimento de cooperação missionária na Igreja.

 

Uma das quatro áreas de missão da POM é a Pontifícia Obra da Infância e Adolescência Missionária. Fundada em 1843 por Dom Carlos Forbin-Janson, visa despertar a consciência missionária universal nas crianças e adolescentes, animando-as a partilhar a fé e os bens materiais. O lema que traduz o carisma da Obra é: “Crianças e adolescentes rezando e ajudando crianças e adolescentes”.

 

Padre Maurício Jardim frisa que somente no Brasil existem cerca de 4 mil grupos ativos . “As crianças são as protagonistas e contam com a assessoria de um adulto. Trata-se de um trabalho de conscientização para que os jovens conheçam e trabalhem para ajudar outros jovens que vivem realidades muito diferentes”, destaca o diretor-nacional da POM.


 

O carisma de Charles de Foucauld e a Missão Ad Gentes

 

No último dia 15 de maio o Santo Padre Papa Francisco canonizou  o sacerdote francês Charles de Foucauld (1858-1916), que exerceu seu ministério na Argélia. Bem antes de ser nomeado diretor das POM, padre Maurício Jardim teve contato com a espiritualidade proposta por Foucauld quando era seminarista. “A Espiritualidade de Nazaré busca com que os padres periodicamente façam Adoração, Deserto e Revisão de Vida”, explicou o sacerdote, que integra a Fraternidade Sacerdotal Jesus Cáritas.

 

O testemunho do padre francês e o trabalho das Pontifícias Obras Missionárias têm uma íntima conexão. “Charles de Foucauld viveu como Jesus, inserido no cotidiano, presente, dando testemunho. Ele foi um exemplo de bondade. Conseguiu dialogar com os muçulmanos, exerceu o verdadeiro apostolado com o seu exemplo de vida que, para nós sacerdotes diocesanos, é um caminho a ser imitado.”

 

O que significa ser padre

 

Padre Maurício Jardim resume que, para ele, ser sacerdote é ser “apaixonado por Jesus Cristo e apaixonado pelo povo”. E acrescenta: "Quero seguir cooperando com Deus em sua obra, estar próximo dos mais pobres. A vocação é uma paixão. É preciso ir em frente e se deixar conduzir pelo Espírito”.

 

Confira a entrevista com o Monsenhor Maurício Jardim publicada em nosso perfil nas plataformas de áudio

 

Parte I

https://open.spotify.com/episode/2GruJnWH2Yw2fBAr17gKIM?si=DNIf2bEpS7Stmvt3HkGyVw

 

Parte II

https://open.spotify.com/episode/4FsYWUxGvsYNQK1kIgLCix?si=zfmk15fuS323qFG67WxbWQ

 

 



Autor:
Marcos Koboldt

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