Rito de Clausura: Falecimento, Deposição e Sepultamento do Papa Francisco, de Santa Memória

25/04/2025

Rito de Clausura: Falecimento, Deposição e Sepultamento do Papa Francisco, de Santa Memória

Na comunhão dos santos e na esperança firme da ressurreição, a Igreja se reúne com reverência e profunda gratidão para prestar as últimas homenagens àquele que, com simplicidade evangélica e amor incondicional, guiou o povo de Deus como servo fiel e humilde. O Papa Francisco, de santa memória, encerrou sua peregrinação terrestre deixando um legado de ternura, justiça e misericórdia. Sua vida, marcada pelo ardor missionário e pela atenção aos mais frágeis, tornou visível o rosto compassivo de Cristo no coração do mundo.

 

Reunidos agora diante de seu testemunho e de sua entrega total ao Evangelho, confiamos sua alma ao Pai, na certeza de que aquele que serviu com amor será acolhido na luz eterna, onde contemplará para sempre o Senhor a quem amou e anunciou com alegria.

 

A seguir, apresentamos o Rito de Clausura: Falecimento, Deposição e Sepultamento do Papa Francisco, de Santa Memória.

 

 

FALECIMENTO, DEPOSIÇÃO E SEPULTAMENTO DO

PAPA FRANCISCO, DE SANTA MEMÓRIA

 

Peregrinando conosco na esperança, como luz e companheiro no caminho rumo ao Céu, meta sublime à qual somos chamados, no dia 21 de abril do Ano Santo de 2025, às 7h35 da manhã, enquanto a luz da Páscoa iluminava a segunda-feira dentro da Oitava, Francisco, o amado Pastor da Igreja, partiu deste mundo para o Pai. Toda a Comunidade dos fiéis, especialmente os pobres, louvava a Deus pelo dom do seu ministério, que ele entregou com ardor e fidelidade ao Evangelho e à Esposa mística de Cristo.

 

Francisco foi o 266º Papa. Sua memória permanece viva no coração da Igreja universal e de toda a humanidade.

 

Jorge Mario Bergoglio, eleito Sumo Pontífice no dia 13 de março de 2013, nasceu em Buenos Aires no dia 17 de dezembro de 1936, filho de imigrantes piemonteses: seu pai era contador na Companhia de Ferrovias e sua mãe, Regina Sivori, dedicava-se ao lar e à educação dos cinco filhos. Tendo obtido o diploma de técnico em química, escolheu o caminho do sacerdócio, ingressando no seminário diocesano, e no dia 11 de março de 1958, entrou no Noviciado da Companhia de Jesus.

 

Estudou Humanidades no Chile e, após retornar à Argentina em 1963, licenciou-se em Filosofia no Colégio São José, em San Miguel. Ensinou Letras e Psicologia no Colégio da Imaculada Conceição em Santa Fé e no Colégio do Salvador em Buenos Aires. Foi ordenado sacerdote por Dom Ramón José Castellano no dia 13 de dezembro de 1969, e em 22 de abril de 1973, professou os votos perpétuos como jesuíta. Após exercer as funções de Mestre de Noviços, professor na Faculdade de Teologia, consultor provincial e reitor do colégio, foi nomeado Provincial da Companhia de Jesus na Argentina em 31 de julho de 1973.

 

Depois de 1986, passou alguns anos na Alemanha para concluir sua tese doutoral. De volta à Argentina, tornou-se colaborador próximo do Cardeal Antonio Quarracino, que o considerava fiel conselheiro. Em 20 de maio de 1992, João Paulo II o nomeou Bispo Auxiliar de Buenos Aires e titular de Auca. Escolheu como lema episcopal Miserando atque eligendo, inserido no brasão com o monograma de Jesus, "IHS", sinal da Companhia de Jesus.

 

Em 3 de junho de 1997, foi promovido a Arcebispo Coadjutor de Buenos Aires e, com o falecimento do Cardeal Quarracino, assumiu como Arcebispo Metropolitano de Buenos Aires em 28 de fevereiro de 1998, Primaz da Argentina, Ordinário para os fiéis orientais residentes no país e Grão-Chanceler da Universidade Católica. Em 21 de fevereiro de 2001, João Paulo II o criou Cardeal, atribuindo-lhe o título da Igreja de São Roberto Belarmino. No Sínodo dos Bispos, em outubro seguinte, foi nomeado Relator Geral Adjunto na X Assembleia Ordinária.

 

Foi um pastor simples e muito querido em sua arquidiocese, que percorria amplamente, utilizando metrô e transporte público. Morava em uma pequena residência e preparava ele mesmo sua janta, considerando-se um homem do povo.

 

Após a renúncia do Papa Bento XVI, foi eleito Papa no dia 13 de março de 2013 pelo Colégio dos Cardeais reunido em Conclave. Escolheu o nome Francisco, por desejar imitar o exemplo de São Francisco de Assis, especialmente no amor pelos mais pobres. Apareceu na sacada das Bênçãos dirigindo-se ao povo com as palavras: "Irmãos e irmãs, boa noite! Agora iniciemos este caminho: o caminho do Bispo com o povo, o caminho da Igreja de Roma, que preside na caridade todas as Igrejas; o caminho da fraternidade, do amor, da confiança mútua." E, inclinando a cabeça, disse: "Peço-vos que rezeis por mim, para que o Senhor me abençoe: a oração do povo que pede a bênção para o seu Bispo."

 

Iniciou oficialmente o seu ministério petrino na solenidade de São José, 19 de março de 2013.

 

Sempre voltado para os últimos e marginalizados, Francisco preferiu residir na Casa Santa Marta, pois não suportava o isolamento humano, e desde a primeira Quinta-feira Santa celebrou a Missa fora do Vaticano, visitando prisões e centros de acolhimento para deficientes ou dependentes químicos. Exortava os sacerdotes a estarem sempre prontos para administrar o sacramento da misericórdia, saindo ao encontro das ovelhas perdidas e abrindo as portas das igrejas a todos que desejassem encontrar o Rosto do Pai.

 

Exerceu o ministério petrino com incansável dedicação ao diálogo com muçulmanos e líderes de outras religiões, com os quais promoveu encontros de oração e assinou declarações conjuntas em favor da paz, como o Documento sobre a Fraternidade Humana, assinado em Abu Dhabi, em 4 de fevereiro de 2019, com o imã al-Tayyeb. Seu amor pelos últimos, idosos e crianças o levou a instituir as Jornadas Mundiais dos Pobres, dos Avós e das Crianças, além de instituir o Domingo da Palavra de Deus.

 

Mais que seus predecessores, ampliou o Colégio dos Cardeais, convocando dez Consistórios e criando 163 cardeais, dos quais 133 eleitores e 30 não eleitores, de 73 nações, 23 delas que nunca haviam tido cardeal. Convocou cinco Assembleias do Sínodo dos Bispos: três gerais ordinárias (sobre a família, a juventude e a sinodalidade), uma extraordinária (também sobre a família) e outra especial para a Região Pan-Amazônica.

 

Ergueu sua voz em defesa dos inocentes. Quando eclodiu a pandemia da Covid-19, no dia 27 de março de 2020, rezou sozinho na Praça de São Pedro, cercado pelas colunas que pareciam abraçar Roma e o mundo, feridos e atemorizados pela doença desconhecida. Os últimos anos de seu pontificado foram marcados por inúmeros apelos pela paz, denunciando a “terceira guerra mundial em pedaços” travada em várias nações, especialmente na Ucrânia, assim como na Palestina, Terra Santa, Líbano e Myanmar.

 

Após ser internado por dez dias para uma cirurgia no hospital “Agostino Gemelli” em 4 de julho de 2021, voltou ao mesmo hospital em 14 de fevereiro de 2025, permanecendo 48 dias internado por uma pneumonia bilateral. Retornando ao Vaticano, passou suas últimas semanas na Casa Santa Marta, consagrando-se, até o fim e com o vigor habitual de alma, ao ministério petrino, ainda que fisicamente debilitado.

 

No dia 20 de abril de 2025, Domingo de Páscoa, apareceu pela última vez na sacada da Basílica Vaticana para conceder a solene bênção Urbi et Orbi.

 

O magistério doutrinal do Papa Francisco destacou-se grandemente. Com estilo sóbrio e humilde, inspirado no zelo missionário, no ardor apostólico e na misericórdia, advertia contra o perigo de uma Igreja mundana e autorreferencial. Sua proposta apostólica é expressa na Exortação Evangelii Gaudium (24 de novembro de 2013).

 

Entre seus principais documentos estão:

·         4 Encíclicas:

- Lumen Fidei (29 de junho de 2013) sobre a fé em Deus;

- Laudato Si’ (24 de maio de 2015) sobre ecologia e a crise climática;

- Fratelli Tutti (3 de outubro de 2020) sobre fraternidade e amizade social;

- Dilexit Nos (24 de outubro de 2024) sobre o amor humano e divino do Sagrado Coração de Jesus.

 

·         7 Exortações Apostólicas

·         49 Constituições Apostólicas

·         Inúmeras Cartas Apostólicas, a maioria Motu Proprio

·         Duas Bulas de convocação do Ano Santo

·         Catequeses nas Audiências Gerais e discursos em diversas partes do mundo

·         Reformou a Cúria Romana com a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium (19 de março de 2022), depois de instituir os Dicastérios para a Comunicação, para os Leigos, Família e Vida, e para o Desenvolvimento Humano Integral. Alterou o processo canônico de nulidade matrimonial (com os Motu proprio Mitis et misericors Iesus e Mitis Iudex Dominus Iesus) e endureceu as leis contra crimes de clérigos contra menores e vulneráveis (Vos estis lux mundi).

 

A todos, Francisco deixou um testemunho admirável de humanidade, santidade de vida e paternidade universal.

 

CORPO

DE FRANCISCO, SUMO PONTÍFICE VIVEU 88 ANOS, 4 MESES E 4 DIAS GOVERNOU A

IGREJA UNIVERSAL POR 12 ANOS, 1 MÊS E 8 DIAS

Vive para sempre em Cristo, Santo Padre!

 

 



Autor:
Greice Pozzatto

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