A ternura da Mãe

07/12/2021

Por Dom Adilson Pedro Busin, CS - Bispo Auxiliar de Porto Alegre

Guadalupe: No dia 12 de dezembro, celebramos a festa de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira do México e da América latina, podemos dizer, das Américas. A recente Assembleia Eclesial da América-Latina e do Caribe, realizada de 21 a 28 de novembro último, deu início à celebração dos 500 anos de sua aparição (1531).

O olhar, a tez morena, a postura da mãe junto a Juan Diego, revela o caminho e o modo como o evangelho chegou em nosso continente. Assim como no evangelho, a porta da alegria da boa nova foi Maria. Em Guadalupe, Deus escolheu a candura e a maternidade para ao índio Juana Diego e os povos indígenas. Quem já foi ao México pode ter a dimensão do que “La Virgem de Guadalupe” fala às pessoas! A devoção, identificação e alegria de festejar e rezar em sua casa. A Mãe Guadalupana é o rosto mestiço de nossos povos.

Além de toda simbologia da imagem do manto e seu significado, sublinho a vida que a Mãe porta no ventre. Na imagem, Maria está grávida. É portadora do Filho. Os indígenas compreenderam a mensagem. Identificaram-se com quem se identificou com eles. Hoje, Guadalupe é a Mãe dos povos americanos. Nela vemos nosso rosto.

Celebrar esta festa, às vésperas do Natal é carregar ainda mais o sentido do nascimento do Salvador. A vida nos visita por Maria. A esperança se renova no menino que a Guadalupe traz em seu ventre. Em meio à morte, a destruição e à dor, a esperança traz vida. A pandemia, o desemprego, a fome geram dor e angústias. O menino que vai nascer é portador de tempo de vida nova. “Tirar o manto do luto e revestir a alegria.”

Olhar, contemplar a imagem de Guadalupe é encontrar-se com a esperança. É a ternura que se aproxima da humanidade. Que seu manto materno guarde nossos povos. Ensine a solidariedade e fraternidade. Abrande a ira, o ódio e a violência que ronda nosso continente. Do seu ventre de vida brote a paz, o cuidado do outro, o compromisso com a dignidade de cada ser humano e da casa comum. De Guadalupe brota o amor. Amor que cria devoção, fé e busca de graças. Os pés em procissão levam o coração à Mãe. E mãe é o berço da vida. Sob seu manto caminhamos. “Ora pro nobis.”



Autor:
Por Dom Adilson Pedro Busin, bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre. em 03 de dezembro de 2021

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