O DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

15/04/2024

Ao comemorarmos os 60 anos da instituição do Dia Mundial de Oração pelas Vocações, por São Paulo VI, o papa naquele 1964, eis que chegamos no 61° Dia Mundial, sempre celebrado no Domingo do Bom Pastor, período pascal, este ano em 21 de abril. Ao longo destes 60 anos, Paulo VI deixou-nos 15 mensagens por ocasião desta celebração; João Paulo II, 27 mensagens; Bento XVI, 8; Francisco, o atual papa, escreveu-nos 11 mensagens. Uma riqueza e uma bonita história da animação vocacional!

 

O Dia Mundial de Oração pelas Vocações, como afirmou o papa Francisco na mensagem deste ano, é sempre ocasião para recordar e agradecer a Deus o compromisso fiel, diário e, muitas vezes, escondido de nossa vocação:

 

a) mães e pais que não olham primeiro para si mesmos, nem seguem a tendência de um estilo superficial, mas organizam a sua existência cuidando das relações com amor e gratuidade, abrindo-se ao dom da vida e pondo-se ao serviço dos filhos e de seu crescimento;

b) aqueles que realizam o seu trabalho com dedicação e em espírito de colaboração;

c) aqueles que, em diferentes campos e de vários modos, empenham-se por construir um mundo mais justo, uma economia mais solidária, uma política mais equitativa, uma sociedade mais humana, isto é, todos os homens e mulheres de boa vontade que se dedicam ao bem comum;

d) pessoas consagradas, que oferecem a sua existência ao Senhor, quer no silêncio da oração, quer na atividade apostólica, às vezes na linha de vanguarda e sem poupar energias, servindo com criatividade o seu carisma e o colocando à disposição de quantos encontram;

e) aqueles que acolheram o chamado ao sacerdócio ordenado, dedicam-se ao anúncio do Evangelho, repartem a sua vida – juntamente com o Pão Eucarístico – pelos irmãos, semeiam esperança e mostram a todos a beleza do Reino de Deus.

 

Olhemos um pouco mais para a mensagem deste ano, que tem por tema: Chamados a semear a esperança e a construir a paz. A mensagem original pode ser acessada no site do Vaticano (Link:Mensagem para o 61º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, 2024 | Francisco (vatican.va):

1. O chamado que o Senhor dirige a cada um de nós é um dom precioso. Possibilita-nos tomar parte no seu projeto de amor e encarnar a beleza do Evangelho nos diferentes estados de vida.

2. A escuta do chamado divino, longe de ser um dever, é o modo mais seguro que temos de alimentar o nosso desejo de felicidade. A nossa vida realiza-se e torna-se plena quando descobrimos quem somos, as qualidades que temos e onde devemos “semear e dar frutos”. A nossa vida realiza-se e torna-se plena quando descobrimos que estrada podemos percorrer para nos tornarmos sinal e instrumento de amor, acolhimento, beleza e paz nos contextos onde vivemos.

3. Aos jovens, especialmente a quantos se sentem distantes ou olham a Igreja com desconfiança, fascinai-vos e inquietai-vos:

a) fascinai-vos por Jesus e apresentem a ele as vossas perguntas importantes;

b) inquietai-vos pela sua presença que sempre nos coloca, de modo benevolente, em crise. Ele respeita mais do que ninguém a nossa liberdade, não se impõe, mas se propõe. Dai-lhe espaço e encontrareis a vossa felicidade no seu seguimento e, se pedir, na entrega total a Ele.

4. A variedade de carismas e vocações ajuda-nos a compreender plenamente a nossa identidade de cristãos, povo de Deus a caminho, pelas estradas do mundo, animados pelo Espírito Santo e inseridos como pedras vivas no Corpo de Cristo. Somos uma grande família, filhos do Pai, irmãos e irmãs. Não somos ilhas fechadas, mas partes do todo. Assim, o Dia Mundial de Oração pelas Vocações traz gravada a marca da sinodalidade. Há muitos carismas e somos chamados a nos escutar reciprocamente e a caminhar juntos para descobrir tais carismas, discernindo aquilo a que nos chama o Espírito para o bem de todos.

5. Caminhamos como peregrinos de esperança rumo ao Ano Santo de 2025, para, na descoberta da própria vocação e pondo em relação os diversos dons do Espírito, podermos ser no mundo portadores e testemunhas do sonho de Jesus: formar uma só família, unida no amor de Deus e interligada pelo vínculo da caridade, da partilha e da fraternidade.

6. “Rogai ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe” (Mt 9,38; Lc 10,2). É dia de implorar ao Pai o dom de santas vocações para a edificação do seu Reino. Uma oração feita mais de escuta que de palavras. O Senhor fala ao nosso coração e quer encontrá-lo aberto, sincero e generoso. Neste ano de 2024, dedicado precisamente à oração como preparação ao Jubileu, somos chamados a descobrir o dom inestimável de poder dialogar com o Senhor, de coração a coração, tornando-nos peregrinos de esperança, porque “a oração é a primeira força da esperança. Quando rezamos a esperança cresce, avança. A oração abre a porta à esperança. A esperança existe, mas com a oração a porta se abre” (cf. Francisco, Audiência Geral, 20/05/2020).

 

Em suma, o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, no próximo domingo, 21 de abril, será uma excelente oportunidade para compreendermos, ainda mais, que somos chamados e amados por Deus. E isso é muito bom! Escutá-lo no dia a dia torna-nos felizes, pois vamos descobrindo quem somos, as qualidades que temos e onde devemos “semear e dar frutos”. Tornamo-nos sinais e instrumentos de amor, acolhida, beleza e paz onde estamos. Somos todos irmãos e irmãs, e devemos caminhar como peregrinos de esperança, semeando e testemunhando o sonho de Jesus, que deve ser o nosso sonho: formar uma só família, unida no amor de Deus, interligada pelo vínculo da caridade, da partilha e da fraternidade. Sem esquecer de rezar, pois quando rezamos a esperança cresce, avança.

 

Semeadores de esperança e construtores da paz

 

A mensagem do papa Francisco para o 61º Dia Mundial de Oração pelas Vocações trouxe um tema ligado ao próximo Jubileu da Igreja, o Ano Santo de 2025, Chamados a semear a esperança e a construir a paz. A mensagem completa pode ser acessada no site do Vaticano (Link:Mensagem para o 61º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, 2024 | Francisco (vatican.va).

 

Somos Peregrinos de esperança e construtores de paz. Mas, “o que significa ser peregrino?”, pergunta o papa Francisco na mensagem. E vai aprofundando a reflexão: “Quem empreende uma peregrinação procura, antes de mais nada, ter clara a meta, e a conserva sempre no coração e na mente. Para atingir esse destino é preciso, ao mesmo tempo, concentrar-se no passo presente: para o realizar, é necessário estar leve, despojar-se dos pesos inúteis, levar consigo apenas o essencial e se esforçar cada dia para que o cansaço, o medo, a incerteza e a escuridão não bloqueiem o caminho iniciado”.

 

De acordo com o papa Francisco, ser peregrino de esperança e construtor de paz significa:

1. Recomeçar sempre. Partir todos os dias, reencontrar o entusiasmo e a força de percorrer as várias etapas do percurso que, apesar das fadigas e dificuldades, sempre abrem diante de nós novos horizontes e panoramas desconhecidos. Estamos em caminho à descoberta do amor de Deus e, ao mesmo tempo, à descoberta de nós mesmos, através de uma viagem interior, mas sempre estimulados pela multiplicidade das relações.

2. Ser chamado. Chamados a amar a Deus e a nos amarmos uns aos outros. O nosso caminho sobre esta terra nunca se reduz a uma labuta sem objetivo, nem a um vaguear sem meta; pelo contrário, cada dia, respondendo ao nosso chamado, procuramos realizar os passos possíveis rumo a um mundo novo, onde se viva em paz, na justiça e no amor.

3. Construir um futuro melhor. É a finalidade de cada vocação, tornarmo-nos homens e mulheres de esperança. Como pessoa e como comunidade, na variedade de carismas e ministérios, todos somos chamados a “dar corpo e coração” à esperança do Evangelho neste mundo marcado por tantos desafios: avanço ameaçador de uma terceira guerra mundial aos pedaços; multidões de migrantes que fogem da sua terra à procura de um futuro melhor; aumento constante dos pobres; perigo de comprometer irreversivelmente a saúde do nosso planeta. E a tudo isto vem ainda juntar-se às dificuldades que encontramos diariamente com o risco de nos precipitar, às vezes, na resignação ou no derrotismo.

4. Cultivar um olhar cheio de esperança. Para podermos trabalhar frutuosamente, respondendo à vocação que nos foi dada ao serviço do Reino de Deus, Reino de amor, justiça e paz. Tal esperança encontra o seu centro propulsor na Ressurreição de Cristo, que “contém uma força de vida que penetrou o mundo. Onde parecia que tudo morreu, voltam a aparecer por todo o lado os rebentos da ressurreição. É uma força sem igual. É verdade que muitas vezes parece que Deus não existe: vemos injustiças, maldades, indiferenças e crueldades que não cedem. Mas também é certo que, no meio da obscuridade, sempre começa a desabrochar algo de novo que, mais cedo ou mais tarde, produz fruto” (Evangelii gaudium, 276).

5. Fundar a própria existência na ressurreição de Cristo. Sabendo que todos os nossos compromissos, na vocação que abraçamos e levamos adiante, não caem no vazio. Apesar dos fracassos e retrocessos, o bem que semeamos cresce de modo silencioso e nada pode nos separar-nos da meta última, ou seja, o encontro com Cristo e a alegria de viver na fraternidade entre nós por toda a eternidade. Esta vocação final devemos antecipá-la cada dia, a relação de amor com Deus e com os irmãos e irmãs, que começa desde agora a realizar o sonho de Deus, o sonho da unidade, da paz e da fraternidade.

 

“Que ninguém se sinta excluído deste chamado!”, alerta o papa Francisco. E continua a nos animar: “Cada um de nós, no seu lugar próprio, no seu estado de vida, pode ser, com a ajuda do Espírito Santo, um semeador de esperança e de paz. Despertemos do sono, saiamos da indiferença, abramos as grades da prisão em que por vezes nos encerramos, para que possamos, cada um de nós, descobrir a própria vocação na Igreja e no mundo e tornar-se peregrino de esperança e artífice de paz! Apaixonemo-nos pela vida e comprometemo-nos no cuidado amoroso daqueles que vivem ao nosso lado e do ambiente que habitamos. Tenhamos a coragem de nos envolver. Levantemo-nos e ponhamo-nos a caminho como peregrinos de esperança, para que também nós, como fez Maria com Santa Isabel, possamos comunicar boas-novas de alegria, gerar vida nova e ser artesãos de fraternidade e de paz”.



Autor:
Dom Juarez Albino Destro

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