04/04/2024
O Senhor ressuscitou: eis o núcleo da fé cristã! A vida é mais forte que a morte! Em Jesus os dois protagonistas da Páscoa, Deus e o ser humano, deixam de ser alternativos ou justapostos e tornam-se um só, porque em Cristo humanidade e divindade são uma mesma pessoa. Através de sua paixão, o Senhor passou da morte para a vida. Paixão e passagem já não são duas explicações contrapostas, mas conjugadas entre si.
Passar é preciso! Celebrar a Páscoa é passar para aquilo que não passa! Se não passamos para Deus que permanece, passaremos com o mundo que passa. Mas quão melhor é passar ‘do mundo’, antes que passar ‘junto com o mundo’; passar para o Pai, antes que para o inimigo (S. Agostinho). Na manhã da Páscoa desponta uma boa notícia: de um morto emergiu um ressuscitado, um novo ser humano! Um texto do primeiro século procura descrever o que significa tal notícia: “levante a pedra e eu estou debaixo dela, rache lenha e eu estou dentro dela, pois estarei convosco todos os dias até a plenitude dos tempos” (Evangelho apócrifo de S. Tomé).
Ressurreição é a realização de todas as potencialidades abscônditas dentro da realidade humana; é inauguração do ser humano novo. São Paulo assegura que todos podem participar da ressurreição de Jesus: “ele é as primícias dos que morrem” (1Cor 5,20), “o primeiro entre muitos irmãos” (Rm 8,29).
Crer na ressureição é mais empenhativo e mais compreensivo, e por isso característico do verdadeiro crente. “Não é grande coisa crer que Cristo morreu. Isto o creem até os pagãos, os judeus e todos os ímpios. Todos creem que morreu! A fé dos cristãos é a ressurreição de Cristo. Isto sim, que é grande coisa: crer que ele ressuscitou” (S. Agostinho).
A fé no Ressuscitado exige sair da ‘zona de conforto’ e apostar no ser humano! Indo ao encontro do outro, do diferente de si, permanecendo próximo de quem a vida feriu – afinal, todos são irmãos e irmãs” –, guiado pela fé e pelo amor, o ser humano será capaz de fazer florescer a esperança no deserto.
Abençoada e Santa Páscoa!