Santa Bakhita e o Tráfico de Pessoas

16/02/2022

 

No dia 08 de fevereiro celebramos o dia de Santa Josefina Bahkita. Foi elevada à honra dos altares no ano 2000 por São João Paulo II. Sua vida nos inspira um modelo de santidade e o compromisso pela erradicação do tráfico de pessoas. Ferida da qual ela experimentou o sofrimento e que ainda está aberta na humanidade em nossos dias.

A vida de Santa Bahkita, além de comovedora, é uma daquelas páginas edificantes do rol dos santos e santas da Igreja. Nascia no Sudão (1869), fora raptada e vendida como escrava. Passara por quatro patrões, o último dos quais marcou-a com torturas e feridas em seu corpo. Um diplomata italiano (Callisto Legnani) foi seu quinto senhor. Nele, ela encontrou misericórdia e acolhida. Levada para a Itália, passou a ser a ama da filha do casal. Bahkita se fez amiga da filha do casal. As duas entrariam juntas no noviciado das Irmãs de Sta. Madalena de Canossa. Bahkita conheceu o evangelho e consagrou sua vida ao Senhor. Tornar-se-ia a ‘madre morena, ou a “irmãzinha morena”, assim chamada carinhosamente pela população de Schio, nas proximidades de Veneza. A experiência de rapto, escravidão, tortura e dor, Bahkita transformou em perdão, humildade alegre, confiança em Deus a quem chamava carinhosamente de ‘’o bom patrão’. Sua santidade cativava as coirmãs da Caridade e as pessoas que dela se aproximavam. Morreu em 1947. Uma vida de santidade próxima de nosso tempo. Hoje, invocada como protetora das pessoas vítimas do tráfico humano. Seu rosto figura na última pessoa do monumento que recorda os migrantes, inaugurado pelo Papa Francisco. Ela está como que a consolar e acompanhar. Uma bela expressão artística.

Segundo o relatório global do (UNODOC) de 2020, sobre o tráfico de pessoas, as mulheres representam 72 % das vítimas. Elas são as mais suscetíveis à exploração e abusos. No Brasil, no período da pandemia do Covid-19, infelizmente a violência doméstica, a insegurança alimentar e o desemprego, têm aumentado as estatísticas do tráfico humano.

“Força do cuidado: mulheres, economia, tráfico de pessoas”. Este é a frase guia neste dia 08 de fevereiro de 2022. Dia de oração em nível mundial, para a erradicação deste mal que os últimos Papas chamam de chaga da humanidade e ferida humana de nossos tempos. “O tráfico de pessoas é violência! A violência sofrida por cada mulher e cada menina é uma ferida aberto no corpo de Cristo, no corpo de toda a humanidade. É uma ferida profunda que também diz respeito a cada um de nós.” Esta é a frase do Papa Francisco em sua reflexão sobre o tema na manhã do dia 8.

PrayagainstTrafficking” Oração contra o tráfico. Esta é hashtag em todo o mundo. A data passa, mas precisamos continuar nossa oração e nosso comprometimento humano e político para vencer e superar esta ferida aberta.

Santa Bakhita, que viveu este drama humano e superou com um coração capaz de perdoar, proteja todas as vítimas e suas famílias. Ela, uma flor da África, seja o amparo de tantas mulheres e homens deste continente que ainda hoje são vítimas do tráfico. Modelo de santidade, e superação pela fé, interceda por todos. Seja o bálsamo em meio a tantas feridas abertas.



Autor:
Dom Adilson Pedro Busin

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