Basílica Menor Nossa Senhora das Dores é oficialmente instalada

16/09/2022

Basílica Menor Nossa Senhora das Dores é oficialmente instalada

A Basílica Menor Nossa Senhora das Dores, localizada no Centro Histórico de Porto Alegre, foi oficialmente instalada no dia 15 de setembro de 2022 – data em que a Igreja Católica faz memória a Nossa Senhora das Dores. Os fiéis lotaram o templo para acompanhar a sagrada Liturgia, que foi presidida pelo arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, concelebrou Dom Adilson Pedro Busin, e os sacerdotes do clero da Arquidiocese de Porto Alegre e de outras dioceses. A solenidade contou com a presença do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, e da primeira-dama, Valéria Leopoldino, entre outras autoridades. A Missa foi transmitida ao vivo pela emissora RDC TV, que reprisará a celebração neste sábado (17) às 7h30, e no domingo às 6h. A celebração também pode ser revista no perfil do canal no YouTube. 

 

Um dos primeiros momentos da Santa Missa foi a leitura da ata de instalação da Basílica Menor feita pelo pároco da Basílica Menor Nossa Senhora das Dores, Pe. Lucas Matheus Mendes, que também passa a ser chamado reitor da Basílica. Em sua homilia, o arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, destacou a vida de Maria, a partir do Evangelho de João, proclamado na Missa de ontem. 

 

“Nossa Senhora se encontra a sombra da cruz em silêncio. Seu silêncio é mais eloquente do que mil palavras. Ela acompanha a tragédia da execução injusta e cruel do filho amado. Marcada por arranjos de um poder corrompido. Algumas mulheres, com Maria junto, estão a Cruz de Jesus. Ele, que segundo Pedro ´passou por entre nós fazendo o bem´ e o evangelista Marcos coroa dizendo que ‘Ele fazia bem todas as coisas’. Mesmo não havendo alguma outra coisa ao alcance, o amor de mãe não se esconde, não se retrai. Na impotência daquela hora terrível o amor de mãe se torna silenciosa compaixão. A compaixão é a única força capaz de atravessar o último limite do limiar da solidão. Não abandona o amado, nem mesmo na morte. A compaixão permite sentir o outro como sendo a si mesmo. Na compaixão da mãe e das outras mulheres aos pés da Cruz nasce, ressurge o homem novo. Na sua sensibilidade de mãe ela vê o que o olho não viu. E ouve o que ouvidos não ouviram e penetra em corações mesquinhos, insensíveis, corruptos ou duros. Ela viu, ela ouviu, o que Deus preparou para aqueles que o amam.  E que por meio do filho amado, ela viu, ela ouviu, ela percebeu, ela experimentou, o que significa a obediência a Deus. A Senhora das Dores acompanha o filho ameaçado, torturado e assassinado por um poder iníquo, que não teme subverter a Justiça, corromper quem quer que seja, para se manter no poder.  Ela, Maria, é para nós sempre mãe. Mãe fiel, a imaculada, a compadecida, a senhora das Dores.”

 

“Está ali, junto aos pés da Cruz, o Discípulo Amado. Ele, símbolo do Testamento Novo. Maria, por sua vez, nos recorda as expectativas do Testamento Antigo. Mulher, eis aí o teu filho. Filho, eis aí a tua Mãe. O filho recebe a mãe em sua casa. O novo Testamento recebe em sua casa o Antigo. Novo e Antigo devem caminhar juntos, fazem uma unidade. O Novo não se entende sem o Antigo. Seria como um prédio sem fundamento. Uma pessoa sem memória. O Antigo Testamento sem a Luz do Novo ficaria incompleto. Seria como uma árvore sem fruto. A partir deste momento, tudo está consumado. Jesus completou a transição da antiga para a nova aliança, cumpriu sua missão. É por isso que na Ladainha de Nossa Senhora nós cantamos ‘Arca da Aliança’ rogai por nós. Testemunha da consumação da vida do filho, a Senhora das Dores intercede em favor de todos que continuam perecendo à causa do descaso, da falta de sensibilidade, da ironia, da irresponsabilidade de quem teria o dever de cuidar e promover à vida. Pois ela sabe. Ela sempre soube que a grande missão do filho amado era, é, e continuará sendo propiciar vida em abundância para todos.

 

Jesus no alto da Cruz vê ali a sua mãe. Vê também o discípulo amado. Ele entrega o discípulo à mãe e à mãe aos cuidados do discípulo.  E na pessoa discípulo amado somos todos nós entregues aos cuidados dela. Sim, aos cuidados dela. Na pessoa do discípulo amado entregues aos cuidados, a intercessão, da Senhora das Dores. Fomos por assim dizer adotados. Uma nova realidade se inaugura para todos nós aos pés da Cruz. Nasce uma nova humanidade marcada pelo amor e cuidado recíprocos. Esta é a hora, aos pés da Cruz, do novo inaugurado, aos pés da Cruz. A luz da Cruz compreendemos o que significa a fé em Jesus Cristo, o Crucificado-Ressucitado. E a fé é dom, graça. Ela tem implicâncias éticas. A fé nos inspira a agir de forma consequente nos diversos setores da sociedade.  É hora de despertar, diz o Santo Padre, daquele fundamentalismo que polui e corrói toda a crença. Chegou a hora de tornar límpido e compassivo o coração. A fé transforma o coração. A fé transforma o nosso coração. A fé transforma o coração humano e inspira o coração a cultivar os mesmos sentimentos de Cristo Jesus, que se fez pobre, despojado, na Cruz, nu, para acolher a todos. Cristo Jesus se fez pobre. Pobre, são tantas as expressões de pobreza, senão de miséria, também entre nós na sociedade. Quanto dor, quanto sofrimento, quantas lágrimas. Eu pergunto, usando a expressão do Santo Padre. Poderão quantos têm fome guardar uma mente límpida e mostrar diligência em aprender? Pobreza, elites, geram violência e ganância. A fé que nos une verdadeiramente tem implicações éticas. E a Igreja sempre teve presente tal compreensão pois ela sabe que o seu Senhor se fez pobre para resgatar a todos.

 

Nesta noite, neste espaço sagrado de nossa cidade, manifestamos gratidão ao Santo Padre por ter concedido o título de Basílica Menor a este templo dedicado à Senhora das Dores. Possa quem aqui ingressar, ou para a divina liturgia, oração pessoal, ou simples visita, mesmo turística, sentir-se acolhido qual filho, filha. Porque na casa da mãe nos sentimos acolhidos, protegidos, cuidados, amados. Que a Virgem Mãe tão santa, pura e terna, nos ensine a amar como ela ama, a rezar como ela reza, a acolher a Palavra como ela acolheu. A cuidar da vida como ela cuidou e cuida. A sermos solidários como ela o foi e é. A nos reconhecer como filhos e filhas como ela soube acolher o discípulo amado, agora também filho amado. E assim jamais esquecermos que temos mãe. E por isso não precisamos temer, pois mãe é mãe, sempre mãe. Que a compadecida nos ajude a compreender melhor a nossa fé, nos tornarmos mais humanos e sensíveis. Que Maria, Senhora das Dores, mãe da Palavra tornada carne dolorida, nos ensine a acolher no cotidiano de nossas vidas, também marcado por angústias e dores, a acolher a Palavra, que nos deu o poder e a graça de nos tornarmos filhos e filhas de Deus, e portanto, irmãos e irmãs na fé.”

 

Agradecimento aos colaboradores

 

O Pe. Lucas Matheus Mendes, reitor da Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores, lembrou durante a celebração todos os que colaboraram com a preparação da festa de ontem nos últimos três meses. Lembrou a parceria com o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). “Celebramos um momento histórico não só para esta comunidade, mas para a cidade de Porto Alegre e para a Arquidiocese. A Virgem das Dores não fugiu ao sofrimento. A proposta de pleitear o título de Basílica Menor surgiu em meio a pandemia. Num momento de cruz dos seus filhos a Igreja não poderia faltar. Para que fosse necessária esta graça muitas mãos foram necessárias. Agradeço a Dom Jaime o seu carinho de pai, de pastor, com nossa Igreja. Obrigado ao Clero da Arquidiocese que se faz presente em grande número na nossa celebração. Com o sim de nossa igreja particular, um árduo trabalho teve início. Nossa equipe de colaboradores da Paróquia esteve sempre disponível para todo o levantamento histórico, arquitetônico, pastoral. Obrigado. Com a concessão do título o trabalho de preparação para a realização da celebração teve início. Agradeço a todos os funcionários da paróquia, que foram incansáveis. Junto a esta equipe se somaram mais de 90 voluntários. Homens e mulheres de todas as idades que colaboraram na festa da padroeira este ano. Agradeço aos paroquianos, coordenadores do CPP e CAE. Agora a missão aumenta. Tem mais trabalho. Precisamos viver com paixão a missão evangelizadora na nossa cidade de Porto Alegre, sendo Igreja a serviço do mundo. Que Nossa Senhora das Dores continue intercedendo por nós.”

 

A Setena em honra a Nossa Senhora das Dores prossegue nesta sexta-feira, às 19h30, com a presença de Dom Darley José Kummer, bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre. O encerramento será no sábado com a presidência da celebração do Pe. Talis Pagot, que em breve assumirá a paróquia Nossa Senhora da Medianeira, na capital.

 

Leia mais sobre a Basílica Menor Nossa Senhora das Dores nas reportagens abaixo

 

https://www.arquipoa.com/noticias/instalacao-da-basilica-menor-de-nossa-senhora-das-dores-acontece-nesta-quinta-feira-

https://www.arquipoa.com/noticias/vaticano-concede-titulo-de-basilica-menor-a-igreja-nossa-senhora-das-dores

https://www.arquipoa.com/noticias/paroquia-da-arquidiocese-finaliza-entrega-de-documentacao-para-receber-titulo-de-basilica-menor

 

Fotos Divulgação Pascom Dores

 

 



Autor:
Marcos Koboldt

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